Tranquila e bem-humorada, atriz mostra seus cachorros, fala de sexo e garante que alguns ritos tibetanos retardam o envelhecimento.

Ela é moleca, ri o tempo todo, muitas vezes fazendo piada de si mesma. Adora brincar com os cachorros Ami e Spock na grande sala multicolorida de sua casa em Itanhangá, Rio de Janeiro, e dispensa maquiagem e salto alto. Letícia Spiller, 36 anos, está à vontade. Feito criança, antes do almoço, só fala da sobremesa, a não ser quando está ao lado da amiga Eduarda Santos Emerick Lima, 13 anos, que toca a Nona Sinfonia de Beethoven no piano de armário do quarto. Acho que Duda enxerga muito melhor que nós”, diz a atriz sobre a menina, que perdeu a visão aos 4 anos e foi sua inspiração para o papel da deficiente visual Maura no filme Tudo o Que Deus Criou, que deve estrear em 2010. Linda, tranquila, Letícia vai interpretar a sofisticada Betina na próxima novela das 8, Viver a Vida. Sempre lembrada como a Babalu, de Quatro por Quatro (1994), que interpretou quando tinha 21 anos, ela ainda recebe propostas para posar nua. ”Só faria por dinheiro, não por vaidade. Mas estão pagando pouco. Valho mais”, brinca. A preocupação também seria o filho, Pedro, 12, com quem ela mora – a bateria e os bongôs espalhados pela casa são dele, que, segundo a mãe, toca de tudo, baião, rock, jazz… Na entrevista a seguir, Letícia fala sobre sexo, beleza saudável e amor.

Qual o segredo para estar tão bonita aos 36 anos?
Acho que estou mais feliz, mais bem-humorada. Tenho praticado os cinco ritos tibetanos todos os dias, em jejum. São cinco posturas da ioga que você repete 21 vezes para fazer a energia circular equilibradamente. Já tem um ano e meio que pratico. Dura uns 20 minutos, meia hora, depende do ritmo. Dizem que esses ritos atrasam a deterioração das células, porque você armazena a energia e assim se revigora, rejuvenesce mesmo. Podem me chamar de louca, mas acredito que essa é a fonte da juventude. Tem gente que vai ler isso e rir (risos). É louco, né? Mas você aprende inclusive a direcionar sua energia sexual para não desperdiçá-la. E isso dá um viço incrível!

Como assim? Tem de fazer jejum de sexo?
Não (risos)! Mas tem um sexto rito que é o grande segredo dessa fonte da juventude, e você só pode praticá-lo se não tiver uma vida sexual ativa. Porque se você tiver e fizer, causa um efeito contrário, você pode ficar mais deprimida, mais devagar. Fiz muito quando estava solteira, no ano passado, porque estava realmente querendo armazenar minhas energias e me concentrar no trabalho. É um exercício para você não desperdiçar sua energia sexual. Sexo é uma coisa forte, você gasta muita energia, troca líquidos. Nessa época, senti que tudo em mim ganhou um viço, minha pele, tudo cresceu, ‘exuberou’. Mas agora não estou praticando esse rito…

Como você não desperdiça energia sexual? É na quantidade, na qualidade?
Acredito que sexo sem amor é um desperdício. Tudo com amor é saudável. E eu sempre fui assim, mesmo antes de conhecer esses ritos. Gosto de viver um relacionamento, namorar. Nunca fui de ficar por aí saindo com todo mundo. Busco algo mais. Quero sexo com amor, busco a perfeição (risos)! Pelo menos é o que eu almejo. Então, o sexo, para mim, não é uma necessidade, não vou morrer se não fizer. Lido muito bem com essas coisas, sou muito tranquila. Ninguém acredita, né (risos)? Um homem me conquista muito mais pela astúcia (risos). Prefiro Ulysses a Apollo, a inteligência aos músculos, entende? Para mim, beleza não põe mesa.

É por causa desse novo amor que está tão feliz?
Acho que estou mais feliz, tranquila e mais confiante porque estou me conhecendo melhor aos 36 anos, me amando mais. Acredito nessa melhora, nesse refinamento que vem com o tempo. Quanto mais velha, mais seletiva você fica. Os fracassos amorosos que vivi de dez anos para cá, desde a separação (do ator Marcello Novaes, pai de seu filho, Pedro) me fizeram crescer muito. E aprendi que nada na vida é permanente, nem mesmo as frustrações e as tristezas, graças a Deus. A gente tem só de viver a vida, como diz o nome da novela (risos). E com alegria sem motivo, que é uma lição que aprendi com os índios e budistas.