O desvendar dos 21 ritos tibetanos – Técnica criada pelos monges e guardada em segredo durante séculos equilibra o metabolismo e a energia vital ANA ELIZABETH DINIZ/ ESPECIAL PARA O TEMPO Guardados em segredo por milênios nos mosteiros do Himalaia, os 21 ritos tibetanos, cuja bibliografia foi queimada pelo Exército Vermelho na segunda invasão chinesa do Tibete, até então não haviam sido publicados no mundo ocidental. A terapeuta corporal Eneida Caetano transformou seu aprendizado junto aos monges tibetanos no livro “Os 21 Ritos Tibetanos”, em que revela os segredos desses exercícios físicos cuja prática diária harmoniza o funcionamento das glândulas relacionadas com o envelhecimento e são considerados a chave da fonte da juventude. Eneida é terapeuta, tem formação em medicina preventiva tibetana, medicina tradicional chinesa, shiatsu, acupuntura, psicobioenergética, cuidados posturais, meditação, geoterapias, kum nye e cura prânica. Em entrevista, ela fala sobre os benefícios de se praticar os ritos tibetanos.

O TEMPO – Como surgiu o seu interesse por esta técnica tibetana?
Eneida – Desde pequena eu sempre tive muito interesse pelos trabalhos de cura e pelo Tibete. Eu queria conquistar o meu equilíbrio. Meu pai é advogado e minha mãe era raizeira. Assim, vim de uma família que integrava o conhecimento científico aos poderes da cura. Aos 16 anos, comecei a pesquisar e trabalhar com técnicas corporais. Foi quando conheci os ritos e o livro “A Fonte da Juventude”, de Peter Kelder. Em 1985, fui para a Holanda onde fiz especialização em lam rim, terapia corporal tibetana que trabalha a musculatura profunda onde está a energia concentrada do trauma. Lá os professores que praticavam os ritos tibetanos me incentivaram a participar da prática diária e eu vi em mim mesma os resultados. Voltando ao Brasil, continuei a praticá-los e tive a oportunidade de ensiná-los aos meus clientes. Mais uma vez, vi resultados surpreendentes e, então, decidi ir ao Tibete para estudá-los com mais profundidade.

O que são os ritos? 

São exercícios físicos que devem ser praticados com ritmo para se equilibrar o metabolismo. Eles são ritualísticos porque, quando praticados com intenção, a pessoa estabelece uma conexão consigo. Os ritos têm a função de revitalização e relaxamento, equilibram as nossas sete glândulas endócrinas que, na Índia, são chamadas de chacras. Os tibetanos dão a eles o nome de vórtices, ou simplesmente, centros de energia. Como cada rito traz benefícios específicos podem ser selecionados aqueles mais adequados ao momento particular do indivíduo.

Como os ritos deixaram de ser segredo e se tornaram acessíveis?
Os tibetanos acreditam que as pessoas têm um momento certo de receber as informações que vêm como dádivas. Uma característica dos tibetanos é que eles não percorrem o mundo levando sua doutrina, ao contrário dos indianos que eram peregrinos, ou dos católicos que saíam em catequese. Como o Tibete era um país fechado e de difícil acesso, a cultura de seu povo ficou intocada por muito milênios. Eles consideram que até mesmo a invasão chinesa gerou benefícios, pois provocou uma situação em que eles, ao se refugiarem em outros países, acabaram levando sua cultura para o Ocidente, possibilitando que ela ficasse acessível aos buscadores.

Os ritos são praticados apenas pelos monges?

Não, os monges desenvolveram essa técnica para se fortalecer, pois viviam em um lugar onde o clima é inóspito e a alimentação, escassa. Ora neva ora é desértico. As distâncias de outros povoados são enorme. Os tibetanos dizem que essa técnica foi dada a eles pela proximidade com o céu, com o divino, para suportar todas essas dificuldades. No Tibete, é comum as famílias se reunirem para praticar os ritos e para falar sobre os problemas e dificuldades. Eles vêem tudo como uma questão de escolha e aquiescência. Se você escolhe estar fora do caminho, os outros não se responsabilizarão.

Quais os benefícios para a saúde?
Inúmeros. Os ritos ativam as glândulas responsáveis pelo envelhecimento, gerando uma economia da energia vital, que nos é dada em cota única. Esse desgaste da energia vital é uma das causas da degeneração orgânica, por isso encontramos tantas pessoas que têm a mesma idade, mas sua expressão, pele e vitalidade são completamente diferentes. Os ritos são praticados em sequências e cada uma delas traz benefícios específicos para a vitalidade.

Qual a diferença entre os ritos e a ioga ou o tai chi chuan? 
Os Ritos têm uma simplicidade impressionante e, uma vez aprendidos, a pessoa está apta a praticá-los sozinha e em qualquer ambiente, sem utilização de qualquer outro recurso. Hoje, muitos profissionais de ioga e tai chi incorporam os ritos em suas aulas.

Qual a relação entre os ritos e as glândulas?
Esses exercícios ativam as glândulas, através de movimentos ritmados, como também as partes não usadas de nosso cérebro. Atuam sobre outras fontes de energia como a respiração e o movimento.

Para praticar os ritos é necessário fazer toda a sequência de 21 ritos?
Não. Os tibetanos ensinam que temos de ser condescendentes conosco e com o nosso momento. Você pode escolher o rito que mais se encaixa em cada momento da sua vida e praticá-lo por apenas dez minutos. Isso lhe dará forças para superar essa dificuldade sem prejuízo para sua saúde. Caso deseje, pode aumentar o tempo da prática ou o número de exercícios na medida em que for se organizando e tendo mais tempo para você mesmo.

AGENDA – O livro “Os 21 Ritos Tibetanos” será relançado na próxima sexta-feira, dia 31, às 20h, no Instituto Lam Rim (rua Jequitibá, 50, Vale do Sereno), quando haverá uma fogueira e recital de música indiana. É imprescindível confirmar presença através do telefone: 3286.3089 ou pelo email: instituto@lamrim.com.br
Publicado em: 28/08/2007