O LAM-RIM é uma expressão tibetana que significa “etapas do caminho”. É uma terapia corporal, um processo gradual em direção à saúde e ao autoconhecimento. Trabalha com a idéia da unidade corpo-alma, segundo a qual a história de vida deixa suas marcas registradas no corpo. Consiste em exercícios físicos lentos que trabalham com a musculatura profunda, onde estão gravadas as experiências mais relevantes do ser, transformando traumas e bloqueios em energia revitalizadora. A sessão dura cerca de uma hora e pode ser realizada individualmente ou em grupo.

Para explicar a técnica, O TEMPO conversou com Eneida Caetano, 46, a única terapeuta LAM-RIM em Minas Gerais. Em 1998, ela começou a trabalhar com a técnica depois de se especializar em Amsterdã e na Tailândia.

Como o LAM-RIM é utilizado no Tibete?
Como um trabalho de corpo que movimenta a energia condensada no momento de algum trauma ou bloqueio. Quando ocorre a liberação bioquímica, acontece simultaneamente a expulsão da energia que foi condensada no momento do trauma e que gera comportamentos repetitivos e recorrentes. Os tibetanos consideram que essa energia encapsulada retém ácidos, sais e xantinas (resultado da alimentação celular que o organismo não consegue eliminar) e é a causa da maioria das doenças. Eles acreditam que se o indivíduo estiver com o corpo fortalecido e equilibrado. as doenças viróticas não nos afetam.

Como a técnica age sobre o corpo?
O foco é a combinação de vários movimentos que vão trabalhar músculos específicos e pouco requeridos no cotidiano. O LAM-RIM atua sobre o sistema muscular, induzindo um alongamento profundo e uma consequente sensação de relaxamento, descontração e leveza. O vigor surge com a tonificação da circulação sanguínea. A técnica é centrada na unidade corpo-alma e trabalha as marcas registradas no corpo pela história de vida de cada um. Traumas, obstáculos antigos. tensões, decepções ou dores podem se manifestar. Ao evocar movimentos corporais lentamente, num ambiente calmo e silencioso, a terapia favorece a revelação de conteúdos esquecidos, quando focaliza a atenção sobre determinado ponto. O terapeuta orienta o movimento seletivo de todo o corpo lenta e gradualmente. Todas as regiões vão sendo trabalhadas com movimentos e velocidades específicas e os sistemas orgânicos são demandados lentamente. O LAM-RIM ensina que temos uma cota de energia vital para ser utilizada em cada etapa da vida.
Quando economizamos essa energia e a repomos por meio da respiração, alimentação, movimentos e pensamentos adequados, asseguramos nossa saúde e longevidade, iniciando-se um processo de rejuvenescimento. Por outro lado, se exaurimos essa cota, adoecemos e aceleramos nossa degeneração e envelhecimento.

Quais os ganhos secundários?
O resgate da história de vida, autoconhecimento, aumento da auto-confiança e auto-estima, equilíbrio motor, sensorial e intuitivo por meio de maior oxigenação das regiões cerebrais bloqueadas, restabelecimento da espontaneidade, calma, lucidez e discernimento em situações conflitantes e estressantes, transformação dos padrões psíquicos negativos (ansiedade, angústia, insatisfação e depressão) em energia revitalizante e criativa, aumento da capacidade de sentir prazer, fortalecimento do corpo sutil, aumento do sistema de defesa energética, maior inteireza e presença de si, transmutação de padrões de comportamento indesejado e repetitivo motivados por impulsos involuntários conscientes ou não.

Quem procura o LAM-RIM?
Os homens procuram mais que as mulheres. A técnica é mais dura e exige mais trabalho muscular. Infelizmente, não existe uma cultura preventiva. As pessoas buscam as terapias complementares quando a doença já foi diagnosticada. Muitas estão com câncer, um sinal clássico de que passaram a vida se dedicando ao outro e esqueceram de si. Outras sofrem de dores emocionais. Quando isso ocorre elas já perderam o contato com si mesmas. Já desenvolveram defesas e optaram por um estado de frieza com o mundo e com o outro. Perderam o prazer em compartilhar. Outras pessoas se tornam inflexíveis e geram doenças degenerativas. E o pior: algumas pessoas deletam o seu corpo sutil, perdem o brilho, a vitalidade e a energia. Outros indivíduos, para preservar o seu espírito optam pela loucura.

O mundo nos atinge em que dimensão?
Quando deixamos que as pessoas nos invadam, geramos adoecimento. Quanto mais valorizamos a razão em detrimento de nossas necessidades fisiológicas, quanto mais controle e censura, maior a probabilidade de nos traumatizarmos. A forma pessoal como reagirmos às situações podem ser adoecedoras ou transformadoras.